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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A RELAÇÃO ENTRE O SETOR ENERGÉTICO E O INDUSTRIAL NO BRASIL.

No Brasil, cerca de 85% da energia elétrica consumida é obtida através do aproveitamento da força hidráulica (energia hidrelétrica). A possibilidade de captação dessa energia é abundante graças à densa rede hidrográfica brasileira, composta principalmente por rios de planaltos extensos e caudalosos.

Entretanto, em 2001, o país enfrentou um racionamento energético, causado, principalmente, pela redução no nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas; além disso, a falta de investimentos em geração e transmissão de energia, aliada com a incapacidade do governo brasileiro em realizar novos investimentos. Essa não possibilidade de novos investimentos explica-se na privatização de Estatais do setor, já defasadas, que encontravam o desinteresse dos compradores em realizar essas inovações tão necessárias. Após o caso da crise energética, foi imposta aos consumidores de algumas regiões a redução de cerca de 20% o consumo de energia, afetando o crescimento econômico do Brasil. A partir desse episódio, o país tem investido em novas formas de produção energética, como as termonucleares, o álcool, o petróleo e o carvão.

Termonucleares:

Atualmente, mesmo tendo um custo muito elevado, a produção de energia nuclear no Brasil corresponde a cerca de apenas 3% do total produzido. As usinas nucleares brasileiras atendem parcialmente a necessidade energética do Estado do Rio de Janeiro. A primeira usina construída foi inaugurada em 1982. Angra 1 foi construída no litoral do Rio de Janeiro. Após gastos da ordem de 10 bilhões de dólares, em 2002 começou a funcionar a usina de Angra 2.

Apesar de custosa e perigosa (vale lembrar o episódio ocorrido com o Césio 137, que foi encontrado num terreno baldio), essa energia é utilizada, também, com fins medicinais, contudo a fiscalização é deficiente.

Proálcool:

O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) basea-se em incentivos fiscais, subsídios aos produtores de álcool e empresas automobilísticas. Apesar das críticas (não substitui o petróleo, elevado custo de produção, gera queimadas, desgasta o solo, diminuição na produção de alimentos e a utilização da mão de obras conhecida como “bóias frias”), esse combustível apresenta-se como uma fonte de energia renovável e menos poluidora em relação com a gasolina. Ainda, no Brasil, houve o desenvolvimento de uma tecnologia totalmente nacional na produção de motores que possam utilizar esse combustível.

Petróleo:

A produção e exploração do petróleo no Brasil tornou-se expressiva após os anos de 1970. Através das novas descobertas de jazidas petrolíferas, como o pré-sal, o Brasil vem alcançando a autonomia (em 2003 importou apenas de 10% do petróleo consumido); além disso, há a exploração de novas jazidas e a importação de gás natural vindo da Bolívia, assim diversificando a matriz energética do país.

Carvão mineral:

A deficiência encontrada na exploração do carvão no Brasil, tanto na quantidade, como na qualidade, força a importação de cerca de 50% do carvão consumido no país. Apenas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina a extração é viável economicamente. O carvão extraído em Santa Catarina é de melhor qualidade, mais fácil extração e é destinada à indústria siderúrgica, pois é possível de ser transformado em um carvão de alto teor calorífero, matéria prima necessária à produção de aço (carvão coqueificável: coque).

domingo, 25 de abril de 2010

Brasil: relevo e hidrografia.

Estrutura Geológica e Relevo

Estrutura geológica é a base de um território, corresponde à sua composição rochosa. Já o relevo é a forma apresentada pelo território: planaltos, planícies e depressões.
O território brasileiro é parte integrante da placa sul-americana, localizando-se no centro da placa, impossibilitando assim grandes terremotos e a incidência de vulcanismos. Isso implica na ocorrência, no Brasil, de dois dos três principais tipos de estruturas geológicas existentes.

Bacias sedimentares
As rochas sedimentares são formadas de detritos dos mais variados tipos de rochas, submetidas ao intemperismo. Esses detritos transportados pela água, vento ou gelo, depositam-se em grandes depressões, formando as bacias sedimentares.
Durante a era Mesozóica, durante a formação da bacia sedimentar do Paraná, ocorreu intensa atividade vulcânica no território brasileiro. A partir desses dos derramamentos de petróleo formaram-se as rochas basálticas, cuja decomposição originou-se a terra roxa (solo extremamente fértil), determinando a futura vocação agropecuária do oeste do Estado de São Paulo e do norte do Paraná.
Na bacia sedimentar do Paraná destaca-se também pela existência de um imenso depósito de água potável, o Aqüífero Guarani, um lençol freático de uma área total de 1.200.000 km2, estendendo-se pelas terras brasileiras, além de outros três países vizinhos.

Escudos Crsitalinos
Essa formação geológica corresponde a 36% do território brasileiro. São áreas ricas em ocorrência de minerais de grande valor comercial, podendo, esses metais, serem metálicos (ferroe bauxita) e não-metálicos (granito e pedras preciosas).
É grande a abundância de minerais metálicos no território brasileiro, onde os mais destacados são:
 O ferro, explorado principalmente no quadrilátero ferrífero (MG) e na Serra dos Carajás (PA).
 O manganês, onde as principais jazidas são em Urucum (MS) e na Serra do Navio (AP).
 A bauxita, explorada no vale do rio Trombetas (PA),e a cassiterita (RO e MG)

O Brasil também aparece com o nono produtor mundial de ouro, encontrado principalmente em Minas Gerais e explorado (principalmente em minas clandestinas) no Pará.

Hidrografia brasileira
O Brasil é dotado de uma vasta e densa rede hidrográfica, sendo que muitos de seus rios destacam-se pela extensão, largura e profundidade. Em decorrência da natureza do relevo, predominam os rios de planalto que apresentam em seu leito rupturas de declive, vales encaixados, entre outras características, que lhes conferem um alto potencial para a geração de energia elétrica. Quanto à navegabilidade, esses rios, dado o seu perfil não regularizado, ficam um tanto prejudicados. Dentre os grandes rios nacionais, apenas o Amazonas e o Paraguai são predominantemente de planície e largamente utilizados para a navegação. Os rios São Francisco e Paraná são os principais rios de planalto.

Bacia Amzônica

Sua área de drenagem total, superior a 6 milhões de km2, dos quais 3,9 milhões no Brasil, representa a maior bacia hidrográfica mundial. O restante de sua área dividi-se entre o Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana e Venezuela. O volume de água do rio Amazonas é extremamente elevado, descarregando no Oceano Atlântico aproximadamente 20% do total que chega aos oceanos em todo o planeta. Sua vazão é superior a soma das vazões dos seis próximos maiores rios, sendo mais de quatro vezes maior que o rio Congo, o segundo maior em volume, e dez vezes o rio Mississipi. Por exemplo, em Óbidos, distante 960 km da foz do rio Amazonas, tem-se uma vazão média anual da ordem de 180.000 m3/s. Tal volume d'água é o resultado do clima tropical úmido característico da bacia, que alimenta a maior floresta tropical do mundo. Na Amazônia os canais mais difusos e de maior penetrabilidade são utilizados tradicionalmente como hidrovias. Navios oceânicos de grande porte podem navegar até Manaus, capital do estado do Amazonas, enquanto embarcações menores, de até 6 metros de calado, podem alcançar a cidade de Iquitos, no Peru, distante 3.700 km da sua foz. O rio Amazonas se apresenta como um rio de planície, possuindo baixa declividade. Sua largura média é de 4 a 5 km, chegando em alguns trechos a mais de 50 km. Por ser atravessado pela linha do Equador, esse rio apresenta afluentes nos dois hemisférios do planeta. Entre seus principais afluentes, destacam-se os rios Iça, Japurá, Negro e Trombetas, na margem esquerda, e os rios Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu, na margem direita.
Bacia do rio São Francisco
A bacia do rio São Francisco, nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, e atravessa os estados da 88Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O rio São Francisco possui uma área de drenagem superior a 630.000 km2 e uma extensão de 3.160 km, tendo como principais afluentes os rios Paracatu, Carinhanha e Grande, pela margem esquerda, e os rios Salitre, das Velhas e Verde Grande, pela margem direita. De grande importância política, econômica e social, principalmente para a região nordeste do país, é navegável por cerca de 1.800 km, desde Pirapora, em Minas Gerais, até a cachoeira de Paulo Afonso, em função da construção de hidrelétricas com grandes lagos e eclusas, como é o caso de Sobradinho e Itaparica.
Bacia Platina
A bacia platina, ou do rio da Prata, é constituída pelas sub-bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, drenando áreas do Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. O rio Paraná possui cerca de 4.900 km de extensão, sendo o segundo em comprimento da América do Sul. É formado pela junção dos rios Grande e Paranaíba. Possui como principais tributários os rios Paraguai, Tietê, Paranapanema e Iguaçu. Representa trecho da fronteira entre Brasil e Paraguai, onde foi implantado o aproveitamento hidrelétrico binacional de Itaipu, com 12.700 MW, maior usina hidrelétrica em operação do mundo. Posteriormente, faz fronteira entre o Paraguai e a Argentina. Em função das suas diversas quedas, o rio Paraná somente possui navegação de porte até a cidade argentina de Rosário. O rio Paraguai, por sua vez, possui um comprimento total de 2.550 km, ao longo dos territórios brasileiro e paraguaio e tem como principais afluentes os rios Miranda, Taquari, Apa e São Lourenço. Nasce próximo à cidade de Diamantino, no estado de Mato Grosso, e drena áreas de importância como o Pantanal mato-grossense. No seu trecho de jusante banha a cidade de Assunción, capital do Paraguai, e forma a fronteira entre este país e a Argentina, até desembocar no rio Paraná, ao norte da cidade de Corrientes.
O rio Uruguai, por fim, possui uma extensão da ordem de 1.600 km, drenando uma área em torno de 307.000 km2. Possui dois principais formadores, os rios Pelotas e Canoas, nascendo a cerca de 65 km a oeste da costa do Atlântico. Fazem parte da sua bacia os rios Peixe, Chapecó, Peperiguaçu, Ibicuí, Turvo, Ijuí e Piratini.

domingo, 28 de março de 2010

Posição Geográfica do Brasil.

O Território brasileiro é o quinto maior em extensão do mundo, com uma área de 8.514.215 km2. A posição geográfica do Brasil define-o como um país ocidental, na porção centro-oriental da América do Sul.

Latitude:

As latitudes explicitam os pontos em graus de um determinado lugar ao longo da superfície terrestre, tomando como referência a Linha do Equador no sentido norte e sul. Os extremos no sentido norte – sul apresentam 4.394,7 Km de distância e são representados pelo:

• Monte Caburaí (RR), ao norte do território, com latitude 5°16’20”;
• Arroio Chuí (RS), ao sul, com latitude 33°45’03”.

A grande distância entre os pontos extremos norte e sul, dão a idéia da grande extensão do território brasileiro (o Brasil é conhecido como “país continental”), pois enquanto o extremo norte é cortado pela linha do Equador, o extremo sul é cortado pelo Trópico de Capricórnio. Essa grande variação da latitude, altera a obliqüidade (inclinação dos raios solares que incidem sobre o território); assim, enquanto grande parte do país registra temperaturas elevados o ano inteiro, o extremo sul tem temperaturas médias anuais mais baixas e maior amplitude térmica anual. Essa variedade de climas favorece uma ampla diversidade de paisagens vegetais no território brasileiro.

Longitude:

As longitudes mostram a posição em graus de um determinado ponto da Terra que tem como referência principal o Meridiano de Greenwich no sentido leste ou oeste. No sentido leste – oeste, o Brasil apresenta 4.319,4 Km de distância, os extremos são:

• Serra Contamana, onde está localizada a nascente do rio Moa (AC), a oeste, com longitude de 73°59’32”;
• Ponta do Seixas (PB), a leste, com longitude 34°47’30”.

A grande extensão lesto-oeste do território brasileiro é responsável pela existência de 4 fusos horários no Brasil. Três desses fusos atravessam o território, e um engloba as várias ilhas atlânticas que também fazem parte do território. Contudo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, sem vetos, a lei que reduz de quatro para três o número de fusos horários usados no Brasil. Assim, os 22 municípios do Acre ficarão com diferença de uma hora em relação a Brasília --hoje são duas horas a menos. Municípios da parte oeste do Amazonas, na divisa com o Acre, sofrerão a mesma mudança, o que igualará o fuso dos Estados do Acre e do Amazonas.
A mudança na lei também fará com que o Pará, que atualmente tem dois fusos horários, passe a ter apenas um. Os relógios da parte oeste do Estado serão adiantados em mais uma hora, fazendo com que todo o Pará fique com o mesmo horário de Brasília.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A alegoria da caverna - República, VII (514a-517d)

SÓCRATES: Agora, imagina a nossa natureza, segundo o grau de educação que ela recebeu ou não, de acordo com o quadro que vou fazer. Imagina, pois, homens que vivem em uma espécie de morada subterrânea em forma de caverna. A entrada se abre para a luz, em toda a largura da fachada. Os homens estão no interior desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo que não podem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja diante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao longe, no alto. Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que sobe. Imagina que esse caminho é cortado por um pequeno muro, semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem entre eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e apresentam o espetáculo.
GLAUCO: Entendo.
SÓCRATES: Então, ao longo desse pequeno muro, imagina homens que carregam todo tipo de objetos fabricados, ultrapassando a altura do muro, estátuas de homens, figuras de animais, de pedra, madeira ou qualquer outro material.
Provavelmente, entre os carregadores que desfilam ao longo do muro, alguns falam, outros se calam.
GLAUCO: Estranha descrição e estranhos prisioneiros!
SÓCRATES:: Eles são semelhantes a nós. Primeiro, pensas que, na situação deles, eles tenham visto algo mais do que as sombras de si mesmos e dos vizinhos, que o fogo projeta na parede da caverna à sua frente?
GLAUCO: Como isso seria possível, se durante toda a vida eles estão condenados a ficar com a cabeça imóvel?
SÓCRATES: Não acontece o mesmo com os objetos que desfilam?
GLAUCO: É claro.
SÓCRATES: Então, se eles pudessem conversar, não achas que, nomeando as sombras que vêem, pensariam nomear seres reais?
GLAUCO: Evidentemente.
SÓCRATES: E se, além disso, houvesse um eco vindo da parede diante deles, quando um dos que passam ao longo do pequeno muro falasse, não achas que eles tomariam essa voz pela da sombra que desfila à sua frente?
GLAUCO: Sim, por Zeus.
SÓCRATES: Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados.
GLAUCO: Não poderia ser de outra forma.
SÓCRATES: Vê agora o que aconteceria se eles fossem libertados de suas corrente e curados de sua desrazão. Tudo não aconteceria naturalmente como vou dizer Se um desses homens fosse solto, forçado subitamente a levantar-se, a virar cabeça, a andar, a olhar para o lado da luz, todos esses movimentos o faria sofrer; ele ficaria ofuscado e não poderia distinguir os objetos, dos quais via apenas as sombras, anteriormente. Na tua opinião, o que ele poderia responder se lhe dissessem que, antes, ele só via coisas sem consistência, que agora ele está mais perto da realidade, voltado para objetos mais reais, e que ele está vendo melhor? O que ele responderia se lhe designassem cada um dos objetos que desfilam, obrigando-o, com perguntas, a dizer o que são? Não pensas que ele ficaria embaraçado e que as sombras que ele via antes lhe pareceriam mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
GLAUCO: Certamente, elas lhe pareceriam mais verdadeiras.
SÓCRATES: E se o forçassem a olhar para a própria luz, não pensas que os olhos lhe doeriam, que ele viraria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e que as consideraria verdadeiramente mais nítidas do que as coisas que lhe mostram?
GLAUCO: Sem dúvida alguma.
SÓCRATES: E se o tirassem de lá à força, se o fizessem subir o íngreme caminho montanhoso, se não o largassem até arrastá-lo para a luz do Sol, ele não sofreria e se irritaria ao ser assim empurrado para fora? E, chegando à luz, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, não seria capaz de ver nenhum desses objetos, que nós afirmamos agora serem verdadeiros.
GLAUCO: Ele não poderá vê-los, pelo menos nos primeiros momentos.
SÓCRATES: É preciso que ele se habitue, para que possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele distinguirá mais facilmente as sombras, depois, as imagens dos homens e dos outros objetos refletidas na água, depois os próprios objetos. Em segundo lugar, durante a noite, ele poderá contemplar as constelações e o próprio céu, e voltar o olhar para a luz dos astros e da Lua, mais facilmente que durante o dia para o Sol e para a luz do Sol.
GLAUCO: Sem dúvida.
SÓCRATES: Finalmente, ele poderá contemplar o Sol, não o seu reflexo nas águas ou em outra superfície lisa, mas o próprio Sol, no lugar do Sol, o Sol tal como ele é.
GLAUCO: Certamente.
SÓCRATES: Depois disso, ele poderá raciocinar a respeito do Sol, concluir que é ele que produz as estações e os anos, que ele governa tudo no mundo visível, e que ele é, de algum modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.
GLAUCO: É indubitável que ele chegará a essa conclusão.
SÓCRATES: Nesse momento, se ele se lembrar de sua primeira morada, da ciência que ali se possuía e de seus antigos companheiros, não achas que ele ficaria feliz com a mudança e teria pena deles?
GLAUCO: Claro que sim.
SÓCRATES: Quanto às honras e aos louvores que eles se atribuíam mutuamente outrora, quanto às recompensas concedidas àquele que fosse dotado de uma visão mais aguda para discernir a passagem das sombras na parede e de uma memória mais fiel para se lembrar com exatidão daquelas que precedem certas outras ou que lhes sucedem, as que vêm juntas, e que, por isso mesmo, era o mais hábil para conjecturar a que viria depois, achas que nosso homem teria inveja dele, que as honras e a confiança assim adquiridas entre os companheiros lhe dariam inveja? Ele não pensaria, antes, como o herói de Homem, que mais vale “viver como escravo de um lavrador” e suportar qualquer provação do que voltar à visão ilusória da caverna e viver como se vive lá?
GLAUCO: Concordo contigo. Ele aceitaria qualquer provação para não viver como se vive lá.
SÓCRATES: Reflete ainda nisto: supõe que esse homem volte à caverna e retome o seu antigo lugar. Desta vez, não seria pelas trevas que ele teria os olhos ofuscados, ao vir diretamente do Sol?
GLAUCO: Naturalmente.
SÓCRATES: E se ele tivesse que emitir de novo um juízo sobre as sombras e entrar em competição com os prisioneiros que continuaram acorrentados, enquanto sua vista ainda está confusa, quando seus olhos não se recompuseram, enquanto lhe deram um tempo curto demais para acostumar-se com a escuridão, ele não ficaria ridículo? Os prisioneiros não diriam que, depois de ter ido até o alto, voltou com a vista perdida, que não vale mesmo a pena subir até lá? E se alguém tentasse retirar os seus laços, fazê-los subir, acreditas que, se pudessem agarrá-lo e executá-lo, não o matariam?
GLAUCO: Sem dúvida alguma, eles o matariam.
SÓCRATES: E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que dissemos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do Sol. Quanto à subida e à contemplação do que há no alto, considera que se trata da esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que ela seja fundada sobre a verdade. Em todo o caso, eis o que me aparece, tal como me aparece; nos últimos limites do mundo inteligível, aparece-me a idéia do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo. No mundo visível, ela gera a luz e o senhor da luz, no mundo inteligível ela própria é a soberana que dispensa a verdade e a inteligência. Acrescento que é preciso vê-la se sequer comportar-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública.
GLAUCO: Tanto quanto sou capaz de compreender-te, concordo contigo.

(In Abel Jeannière. Platão. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1995.)

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Fábula da águia e da galinha

Certa vez, um camponês encontrou no campo um filhote de águia bastante enfraquecido, tomou em suas mãos, levou-o para casa, e apos tê-lo recuperado, o colocou para viver junto com as galinhas em seu terreiro. Ali cresceu.
Um dia, passando por ali um sábio, ao ver a ave, indagou:
- Esta aí junto com as galinhas é uma águia, não é?
- Era, - disse o camponês. Mas ela virou galinha. Nunca voou e também não voará porque virou galinha!
- Mas ela tem dentro de si a capacidade de voar, disse o sábio.
- Não voará - retrucou o camponês, - ela virou galinha!
- Vamos então fazer aprova.
Tomaram a águia nos braços e foram para o alto de um penhasco para tirar a dúvida. O sábio tomou a ave, mostrou-lhe a direção do sol e a lançou para o alto.
De inicio a águia começou a cair como se fosse arrebentar-se no desfiladeiro, mas aos poucos começou a mover as asas e a equilibrar-se um tanto desajeitada, e começou a subir como se quisesse beijar o sol.
Disse então o sábio: Uma águia jamais poderá ser transformada em galinha. Mesmo que permaneça no chão por muito tempo, ela manterá dentro de si o poder de voar, basta apenas que descubra e desperte para isso”.

domingo, 7 de março de 2010

A transformação do mercado de trabalho.

Vitor A. Schutz
Com o final da Segunda Guerra Mundial, o aumento da competitividade obrigou o capitalismo a passar por uma rápida reorganização, que influenciou diretamente na forma de produzir e realizar negócios. Alianças, pactos e, futuramente, blocos econômicos davam os tons das mudanças no panorama econômico.

O trabalho braçal nas fábricas começava a ser substituído por um crescente investimento em tecnologia. Esse afastamento do homem, em relação ao trabalho braçal, fez com que crescesse um setor de serviços conhecido com terciário. Novas relações sociais agora substituíam as antigas relações e formas de empregos. Essa mudança de paradigmas criou a oportunidade de novas profissões. O setor da informática criou nos últimos anos cerca várias novas atividades (programadores, analistas, técnicos, web designers, etc).

Contudo, outros setores tiveram suas representatividades mudadas por completo. Cursos de capacitação e qualificação surgiram em várias áreas, dando estabilidade e novas amplitudes para setores emergentes, que antes eram vistos como secundários, ou mesmo, como antagonista dentro do panorama econômico. O turismo, por exemplo, era considerado de pouca importância como gerador de riquezas, mas hoje, é um dos setores que mais crescem em âmbito mundial. A biotecnologia revolucionou todas as atividades ligadas a ela; a psicologia vem se especializando cada vez mais no que diz respeito às relações trabalhistas.

Todas essas mudanças no mercado de trabalho mudaram também a vida do trabalhador. Locais e horários de trabalhos variados e flexíveis (Home Office), leis trabalhistas, maior e importância na formação e conhecimento dos candidatos a cargos e vagas em empresas, além da capacidade de se adaptar a situações para manter-se empregado.

Entretanto, esse surgimento acelerado de novas vagas no mercado de trabalho, não consegue suprir a quantidade de empregos extintos com as alterações no setor secundário. Nessa batalha campal entre o surgimento de novas atividades e o desaparecimento de outras, a os defensores das transformações, que afirmam que o desemprego não será problema, graças às inovações tecnológicas, que constroem novos ramos e atividades. Já, os críticos veem na exclusão do povo, do mercado de trabalho, o grande fator de desestabilidade social. A única certeza que fica, é que o desemprego será um dos grandes desafios do século XXI.

terça-feira, 2 de março de 2010

Escala Richter

Efeitos do terremoto na escala Richter

Menos de 3,5 Geralmente não é sentido, mas pode ser registrado

3,5 a 5,4 Freqüentemente não se sente, mas pode causar pequenos danos

5,5 a 6,0 Ocasiona pequenos danos em edificações

6,1 a 6,9 Pode causar danos graves em regiões onde vivem muitas pessoas

7,0 a 7,9 Terremoto de grande proporção, causa danos graves

de 8 graus ou mais Terremoto muito forte. Causa destruição total na comunidade atingida e em comunidades próximas

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC

Vitor A. Schütz

Em abril de 1948, o povo saiu às ruas em protesto, levantando as bandeiras da luta contra a ditadura e pela reforma agrária, associado à revolta pelo assassinato do líder liberal Jorge Eliécer Gaitán. A maioria dos grupos via-se influenciada pelo Partido Comunista Colombiano e pelas forças militares insurgentes do Partido Liberal. Essa manifestação veio a ser conhecida como “el bogotazo”, e se credita a ele o surgimento das primeiras guerrilhas colombianas.
Desencadeou-se uma nova onda de violência que provocou cerca de 200 mil mortes, período conhecido como “La Violencia”, que só teve uma trégua quando o partido Liberal e o Conservador acertaram um acordo, a Declaração de Sitges. Para evitar a retomada da violência, assinaram um acordo em que a presidência de República seria alternada entre os partidos, aplicando-o também nas demais instâncias do poder, ministérios e departamentos. Assim houve a desmoralização do voto popular.
Em 27 de maio de 1964 ocorreu o que veria a ser o mito da criação da FARC. No início da década de 60, alguns grupos guerrilheiros proclamaram independentes os territórios colombianos que controlavam. Para os Estados Unidos, ter territórios comunistas dentro da Colômbia durante a guerra fria era perigoso, pois esses movimentos podiam incitar outras regiões na América Latina a fazer o mesmo. A guerrilha da Marquetalia era formada por camponeses com problemas como o de escassez de comida. Estavam reunidos com o propósito de autodefesa e não com o foco separatista, como a propaganda governamental queria que o país acreditasse. O ataque do exército colombiano, com auxílio dos Estados Unidos, a essa região criou motivos para o grupo continuar sua luta contra o governo autoritário e assim criando o mito da fundação da FARC. O ataque fez com que o grupo se tornasse uma guerrilha móvel, formando a Frente Sur ou Bloque Sur, constituído pelos grupos de Marquetalia, Rio Chiquito, El Pato, Guayabero e 26 de Setiembro, entre outros. Duas conferencias, em 1965 e 1966 define o grupo como Força Armada Revolucionária da Colômbia, e que sua primeira bandeira seria a reforma agrária.
Cisões no Partido Comunista no final dos anos 60, começo dos 70, causou certa instabilidade no grupo. O Partido Comunista dividia-se no apoio às FARC ou ao ELP (Ejárcito de Liberación Popular), além da perda de figuras importantes como o padre Camilo Torres em 1966 e Che Guevara em 1967. Em 1973, dissidentes das FARC e da Alianza Nacional Popular (ANAPO) criaram o Movimento 19 de Abril (M-19), apoiado na classe média urbana e de postura mais radical. Em 1978 ocorre uma conferência da guerrilha, onde se estabelece um estatuto de disciplina para os guerrilheiros, a descentralização do comando, dando mais autonomia às frentes, concretizando um verdadeiro exército revolucionário.
As ações repressivas do governo se intensificam com a eleição de Júlio César Turbay Ayala (1978-82), esse acusado de fraude eleitoral e ajuda do narcotráfico.
Durante os anos 80, fica evidente a consolidação e amadurecimento das FARC como grupo revolucionário, assumindo uma postura mais agressiva. Ataques às áreas controladas pelo exército e a busca pela conscientização do povo, através da sensibilização com as causas do grupo e em busca de um maior apoio à causa. Assim, em 1982, declarou-se “Exército do Povo”, buscando a formação de um exército revolucionário.
O presidente Belisário Betancourt (1982-1986), tentou estabelecer uma trégua com o grupo, possibilitando a participação de grupos insurgentes nas eleições. Com o apoio do Partido Comunista, as FRAC-EP, fundou a Unión Patriótica, vindo a eleger vários representantes. Porém esse cessar-fogo não foi respeitado pelo exército, fazendo com que grupos como o ELN e o M-19 voltassem à luta. As FARC-EP voltaram à luta logo depois, impulsionada pelo assassinato de vários membros da Unión Patriótica por grupos paramilitares.
O ataque de grupos paramilitares aos grupos guerrilheiros durante a trégua forçou os grupos guerrilheiros a criarem a Coordenadoria Guerrilheira Simon Bolívar (CGSB), centralizando assim suas ações e articulando um plano de derrubada dos tradicionais partidos que se alternavam no poder.
Durante esse período cresce a importância do Resistência, periódico criado pelas FARC-EP, na busca de conscientização do povo em relação à situação do país, mostrando as guerrilhas como defensoras do povo, buscando a construção de um exército consciente social e politicamente.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O populismo na América Latina

Vitor A. Schütz

A América Latina, no começo do século XX, tinha economia basicamente agrícola, com uma elite oligárquica e sistemas políticos autocráticos. Com o iminente crescimento capitalista, como cita Capelato, “a sociedade capitalista ‘moderna’, apresentada como modelo a ser seguido pelas sociedades ‘tradicionais”. (2001), aliado ao crescimento urbano, influiu num desgaste das classes mais favorecidas, emergindo os precursores do populismo na América Latina.

Os populistas buscavam o apoio dos setores trabalhistas, apoiavam as elites que estavam no poder, além de uma classe média emergente, limitando as promessas reformistas. Esses “primeiros populistas” denominavam-se populistas tempranos.

Os “populistas clássicos” apareceram durante os anos 30 e 40. Traziam as massas urbanas idéias socialistas, mobilizando-se a favor dos trabalhadores, do nacionalismo, do direito ao voto e contra o fascismo e o imperialismo.
Já nos anos 50 e 60, apareceram importantes figuras populistas na América Latina, dentre elas Vargas, Quadros, Brizola e Goulart no Brasil, Ibanes no Chile, Ibarra no Equador. O plano de substituição de importações, fez com que eles enfrentassem graves problemas econômicos, principalmente no processo de industrialização, onde houve uma certa “freada”, agravando a inflação.

Houve ainda os chamados “populistas tardios” (Perón, na Argentina e Echeverria, no México). Enfrentaram um pluralismo social, juntamente com conflitos de modernização das economias.

Assim, podemos ver o populismo na América Latina com um dos principais fenômenos históricos e políticos. Abrangendo desde mobilizações de massas, partidos políticos, regimes, formas de governo, reformismo entre outros.

Nos países da América Latina, o populismo teve como uma de suas características a aceleração da industrialização e da urbanização, juntamente com uma modernização e ampliação da economia. Assim, o país acabava por se “blindar” contra as crises das exportações de seus produtos; crise que afetava todos as exportações dos países latino-americanos, produtos tais como carne, café, açúcar e demais.

O populismo, nos países latino-americanos, contribuiu também na aceleração da formação do Estado Nacional. A união das classes embutiu nelas um sentimento, uma consciência de pertencimento a um Estado. Houve ainda a regulamentação das relações trabalhistas, onde os trabalhadores acabaram adquirindo mais direitos. Houve ainda um crescimento da população urbana e um fortalecimento da burguesia industrial. No plano político, o populismo enfrentou fortes críticas.

Porém, o populismo teve seu “lado negativo”. Na América Latina, verifica-se que na maioria das vezes o populismo era de certa forma demasiado autoritário, movendo as massas conforme seus interesses e assim burocratizando o Estado. Gastos excessivos com propagandas políticas, manipulação dos sindicatos, intervenção econômica em cada país e distribuição de renda.

REFERÊNCIAS

GOMES, Ângela de Castro. O populismo e as ciências sociais no Brasil: notas sobre a trajetória de um conceito. In: FERREIRA, Jorge (org). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 380p.

CAPELATO, Maria Helena Rolim. Populismo latino-americano em discussão. In: FERREIRA, Jorge (org). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 380p.

MACKINNOM, Maria Moira; PETRONE, Mario Alberto. Populismo y neopopulismo en America Latina: el problema de la Cenicienta. Buenos Aires: EUDEBA, 1999. 433p.

Em Nome de Deus

Vitor A. Schütz

O filme “Em nome de Deus” gira em torno da história de Abelardo e Heloise. Ele um filósofo e um dos mais famosos professores de Paris. Ela uma jovem recém saída de um convento, sobrinha de um comerciante de “relíquias sagradas”.

Durante o filme, ambos lutam por um amor que aos olhos de Heloíse parece uma dádiva de um Deus bondoso e amoroso, contudo na visão de Abelardo, esse sentimento vem carregado de culpa e pecado, pois fere sua condição de homem casto e devotado unicamente ao dom de ensinar. É importante ressaltar que Abelardo, diferentemente da visão de Heloíse, vê a Deus como juiz e inflexível.

Contudo há todo um contexto que se desenvolve alheio ao enlace amoroso dos protagonistas. Há a disputa de dois modos de conhecimento, os dialéticos e os antidialéticos. Os dialéticos, ante um questionamento, seguem até a profundidade da questão, acreditando no problema e questionando as descobertas com o conhecimento que já possuem. Os antidialéticos procuram e acreditam na verdade útil. A verdade que complementa e fundamenta seus conhecimentos, fazendo com que não precisem aprofundar-se nas questões que permeiam seu cotidiano, assim conservam seus limites. Abelardo transita entre essas duas linhas, onde em determinados momentos apresenta-se dialético, procurando aprofundar-se em questões filosóficas, porém, quando as questões relacionam-se como seu romance, aparece seu lado antidialético, não questionando a verdade útil, sua condição de casto e sua missão como filósofo.

A mulher nessa época é representada pela figura de Heloise. A mulher deveria ser submissa, subserviente. A educação, quando recebida, deveria ser dentro das instalações de um convento (ou em casos especiais com um tutor), e muitas vezes, era um conhecimento antidialético, onde os questionamentos ficavam a parte de sua realidade. A mulher era tratada como propriedade, tendo seu futuro e escolhas negociadas pelo seu responsável, como o enlace matrimonial, a educação e sua vocação. A mulher não tinha escolha, as escolhas já estavam pré-definidas, também não podiam mostrar sua inteligência, nem questionar os problemas filosóficos, pois essa área era exclusiva dos cátedros, todos homens.

A relação entre ensino e aprendizagem fica bem clara quando das aulas na universidade e mesmo na pousada onde os estudantes moravam. Contrariando os costumes, Abelardo permanecia morando por um tempo com seus alunos, ali conduzindo debates e questões diversas. Além disso, o mestre aparecia como um instigador e um condutor dos pensamentos e discussões dos aprendizes. Assim, no universo masculino, o método de conhecimento tendia mais (mas não sempre) ao dialético. Entretanto, dentro dos conventos, no universo da educação feminina, estas deveriam aceitar o que lhes era dito, sem questionar. Esse método se aproxima com a antidialética, onde a verdade útil é inquestionável. As mulheres que teimavam em abrir horizontes eram advertidas e até punidas.

A Filosofia e o Direito

Vitor A. Schütz

A partir da Idade Média, a Filosofia assumiu papel importante no desenvolvimento e estudo do Direito, o Direito Romano. Não só mudanças de pensamento, mas mudanças socioeconômicas e culturais, através do surgimento das escolas, predecessoras das Universidades. Nesse momento, a retomada do estudo do Direito Romano, transformou a formação jurídica européia.

Em meados do século XII, um monge chamado Graciano, elaborou o “Decreto”, que após a promulgação pontifícia, passou a constituir o Código do Direito Canônico. Essa ação dava ao homem medieval dois códigos de leis, um destinado ao convívio em sociedade e outro tratava de estabelecer regras e condutas perante a Igreja e a Deus. Isso forçou uma dualidade de pensamentos, pois agora se devia preocupar-se em seguir as leis dos homens e as leis da Igreja.

A partir do século XII, a obra aristotélica veio dar sua contribuição ao Direito Romano, com as traduções de textos para o latim, como a “Política”, reforçando no Ocidente a ciência da política. Um dos pensadores que se evidenciou no pensamento do Direito, foi Tomás de Aquino. Este introduziu a dualidade de pensamento e relacionamento dos homens, pois deviam cuidar da relação com os homens e com a relação com Deus. Assim, Tomás dizia que existiam dois fins para a vida, a fim no indivíduo, que era a cidade e o fim da pessoa, que era a vida eterna. Assim, como cidadão, o indivíduo existe para a cidade; contudo, enquanto chamado à vida eterna, a cidade existe para o homem.

A Filosofia mostra-se presente no Direito, tornando-o, de certa forma, “mais humano” e mais flexível. Novas visões de relações entre homens foram evidenciadas a partir das idéias de filósofos, pensadores e teólogos. Essas mudanças de concepções possibilitaram as mudanças de pensamentos, a reflexão sobre conceitos e a luta por mudanças (Reforma). Novos paradigmas foram inseridos no Direito, através de pensadores como Tomás de Aquino, Boécio, Marsílio. A importância da Filosofia para o Direito está no ato de se pensar sobre esse, nas dualidades entre fé e razão, na relação entre homens e entre a religião. Assim sendo, a Filosofia aflorou o lado mais humano do Direito, sendo esse Canônico ou Romano.